Senta que lá vem história do cervejeiro!
Era 2014 e Jorginho fez uns pilotos de uma cerveja maluca, uma delas chegou a ter 23% de teor
alcoólico. Você não leu errado não, foi 23% mesmo!
Um ano se passou, era 2015 ele estava inquieto para criar de novo. Ele fez todo o planejamento
de como proceder, definiu o dia, etc. Em outras palavras, arrumou o circo todo. Então chegou o
tal dia, começou pela brasagem, colocou uma carga cavalar de maltes e os fermentos.
Para evitar que o fermento morresse, a etapa do malte e da fermentação foi dividida em duas
partes. Mesmo com todo cuidado, o danado morreu! E, não tinha cristo que fizesse ele
ressuscitar.
Mas nosso cervejeiro, que tem o coração mais doce que o de mãe, não abandonou sua criação e
deixou o barril no fundo do depósito, com as esperanças de que um dia ela voltasse a vida.
Mais um ano passou, era 2016. O Fábio, um grande amigo do Jorginho, já estava mais agoniado
do que um cágado preso em uma casca menor que o corpo. Toda semana ele vinha implorar
para que tirassem a cerveja do depósito, porque ele precisava do espaço e lá ela estava
incomodando. Segundo ele a cerveja estava estragada, então pra que guardar, não é mesmo?!
Por puro acaso do destino e sorte do Jorginho tivemos que nos mudar às pressas para o nosso
atual galpão. Claro que o barril foi junto! Ainda mais que o novo galpão era muito maior e tinha
espaço de sobra.
Mesmo com um galpão enorme, o Fábio continuava perguntando se a cerveja foi jogada fora,
porém, nosso cervejeiro sabia que o papel dela na sua vida ainda não tinha acabado.
Foi então que ele teve uma ideia e precisava da ajuda do sr. Denes, que é o cara dos contatos.
Jorginho disse: "man, preciso de um barril de carvalho. Consegue?". Então o sr. Denes disse:
"deixa comigo!". Sr. Denes saiu com a destreza de um drug dealer e voltou com um barril de
carvalho de 200 litros, lindo!
Mas tínhamos um problema. Jorge tinha apenas 100 litros de uma cerveja fermentada pela
metade. E agora, o que fazer?
Ele se vestiu de McGyver, juntou uns tocos de madeira, um arame e chiclé mascado. Disso
surgiu um suporte de rodinhas para o barril e em seguida encheu ele de água. Porque leu em
algum lugar que a madeira devia inchar, mas como as coisas não acontecem como a gente
quer, à água começou a vazar por todas as frestas do barril.
Então ele incorporou o espírito de crossfiteiro e começou a tirar o suporte, bater os anéis,
encher de água, rolar o barril para lá e pra cá, colocar e tirar água. Ele ficou nesse circuito por
longos dois dias. Ao final do segundo dia ele engatou a mangueira no fermentador e transferiu
toda a cerveja para o barril.
E agora, deixar assim ou não?
O noob do Jorginho pensou que daria para deixar do jeito que estava. Mas como ele ainda tinha
dúvidas, resolveu ligar para um brother que é o Mestre dos Magos das cervejas belgas.
Obviamente o bruxo xingou o Jorge, depois de alguns minutos de explosão, ele mandou o Jorge
estudar mais e explicou que a relação madeira X cerveja estava errada. A forma correta era
encher o barril até a boca.
Mas encher com o que? Não dava para diluir a cerveja com água, primeiro porque não daria
volume e segundo ficaria pouco alcoólica. Nem Jesus no ápice dos seus milagres conseguiria.
Novamente Jorginho incorporou uma personagem, dessa vez Neo, do Matrix. Ele contatou o
Operator e pediu um programa para Master Beer Blender. MENTIRA! Em um acesso de
coragem, ele pensou: Vou misturar um lote lindo de Red Sönja com a cerveja não fermentada.
Porque afinal, pior que tá não fica!
Jorginho decidiu esquecer a cerveja e deixou ela parada por 3 meses. Passou o tempo, ele
resolveu provar a cerveja, a primeira reação foi: C@RAIO, O QUE É ISSO??
Com um misto de curiosidade, medo e esperança, começou a ler sobre as ácidas e belgas. Ela
era assim mesmo!
Compramos algumas referências do estilo: Kriek, Lambic, Catharinas, Oud Bruin e por último,
quando os céus abriram e uma luz mística trouxe a famigerada e certeira Flanders.
É ISSO MESMO! O líquido precioso era uma Belgian Red Flanders!
Ass: Jorge Braier
CEO/ Cervejeiro/ Designer, Stannis.